Um retrato do 25 de Abril
"Em Portugal sabiam tudo, não tinham dúvidas e nem sequer podíamos fazer perguntas. Cheguei a Londres, fui investigar com os melhores do mundo e eles nada sabiam, estavam cheios de dúvidas e ávidos de quem os questionasse", foi mais ao menos assim que a investigadora da área de medicina descreveu a mudança da Faculdade de Medicina de Lisboa para o mais conceituado centro de investigação, na Grã-Bretanha, durante a ditadura portuguesa (finais dos anos sessenta).
É um retrato significativo. O país das trevas, do analfabetismo, da pobreza e dos sabichões, poucos, que constituíam a "elite", não desapareceu. Quarenta e quatro anos depois, e com avanços inquestionáveis, Portugal ainda aguenta com a presença, por vezes devastadora, dos que sabem tudo; os donos disto tudo e afins.