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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Composição escrita num exemplar da gesta de beowulf (4)

22.10.23
Pergunto a mim próprio que razões Me movem a estudar sem uma esperança De precisão, enquanto a noite avança, A língua desses ásperos saxões, Já gasta pelos anos a memória Deixa cair a em vão repetida Palavra e é assim que a minha vida Tece e destece sua exausta história Será (disse-me então) que de algum modo Secreto e suficiente a alma sabe Que é imortal e que o seu vasto e grave Círculo abarca tudo e pode tudo. Pra lém deste cuidado e deste verso Espera-me inesgotável (...)

E a luz dos astros?

19.10.23
As sociedades polarizaram-se e ampliaram os fanatismos e as necessidades de pertença: somos os melhores, somos os primeiros, os nossos primeiro e por aí fora. Há um número inédito - de pessoas e de factos - de fantásticos, de excelentes e de históricos. A pressa pela notoriedade é instantânea e excessiva. Desconvoca a humildade. Passada a euforia, instala-se a frustração que gera mais polarização. Eleve-se o vagar. Aliás, a observação, e a passagem do tempo, recomenda (...)

Sempre Os Vidoeiros

13.09.23
Gostaria de ir subindo num vidoeiro, Subindo em galhos pretos ao longo de um tronco branco como a neve Em direcção ao céu, até que a árvore não aguentasse mais, E se vergasse toda e me recolocasse no chão, As duas coisas seriam boas, tanto ir como voltar.  Robert Lee Frost (São Francisco, Califórnia, 26 de Março de 1874 — Boston, 29 de Janeiro de 1963)  "Vidoeiros", tradução de Maria Murray, R. J. Lidador, 1969, p. 42. (reedição)

Composição escrita num exemplar da gesta de beowulf (2)

03.06.23
Pergunto a mim próprio que razões Me movem a estudar sem uma esperança De precisão, enquanto a noite avança, A língua desses ásperos saxões, Já gasta pelos anos a memória Deixa cair a em vão repetida Palavra e é assim que a minha vida Tece e destece sua exausta história Será (disse-me então) que de algum modo Secreto e suficiente a alma sabe Que é imortal e que o seu vasto e grave Círculo abarca tudo e pode tudo. Pra lém deste cuidado e deste verso Espera-me inesgotável (...)

Chove. É dia de Natal.

25.12.22
Chove. É dia de Natal. Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal, E o frio que ainda é pior. E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar. Pois apesar de ser esse O Natal da convenção, Quando o corpo me arrefece Tenho o frio e Natal não. Deixo sentir a quem quadra E o Natal a quem o fez, Pois se escrevo ainda outra quadra Fico gelado dos pés. Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'

Composição escrita num exemplar da gesta de beowulf (3)

24.10.22
Pergunto a mim próprio que razões Me movem a estudar sem uma esperança De precisão, enquanto a noite avança, A língua desses ásperos saxões, Já gasta pelos anos a memória Deixa cair a em vão repetida Palavra e é assim que a minha vida Tece e destece sua exausta história Será (disse-me então) que de algum modo Secreto e suficiente a alma sabe Que é imortal e que o seu vasto e grave Círculo abarca tudo e pode tudo. Pra lém deste cuidado e deste verso Espera-me inesgotável (...)

"A Luz dos Astros, Essa, Não Morre"

22.10.22
As sociedades polarizaram-se e ampliaram os fanatismos e as necessidades de pertença: somos os melhores, somos os primeiros, os nossos primeiro e por aí fora. Há um número inédito - de pessoas e de factos - de fantásticos, de excelentes e de históricos. A pressa pela notoriedade é instantânea e excessiva. Desconvoca a humildade. Passada a euforia, instala-se a frustração que gera mais polarização. Eleve-se o vagar. Aliás, a observação, e a passagem do tempo, recomenda (...)

Sempre Os Vidoeiros

17.10.22
Gostaria de ir subindo num vidoeiro, Subindo em galhos pretos ao longo de um tronco branco como a neve Em direcção ao céu, até que a árvore não aguentasse mais, E se vergasse toda e me recolocasse no chão, As duas coisas seriam boas, tanto ir como voltar.  Robert Lee Frost (São Francisco, Califórnia, 26 de Março de 1874 — Boston, 29 de Janeiro de 1963)  "Vidoeiros", tradução de Maria Murray, R. J. Lidador, 1969, p. 42. (reedição)

Cálamo

04.10.22
Parte de uma carta de Walt Whitman ao seu editor inglês William Rosseti, em 1867. "Cálamo é uma palavra corrente. Trata-se da erva ou juncácea aromática de grande porte que cresce nas zonas pantanosas dos vales, cujo caule mede quase um metro de altura;..." Um dos poemas de Cálamo. Separando a erva dos prados. Separando a erva dos prados, aspirando o seu raro aroma, Dela reclamo a espiritualidade, Exijo o mais íntimo e abundante companheirismo entre os homens, Peço que (...)

Rainer Maria Rilke para o Último Dia de Abril

30.04.22
A poesia de Rainer Maria Rilke não é fácil. Exige leitura repetida. O resultado é sublime. É um dos meus poetas preferidos. Uma das suas obras maiores, "As elegias de Duíno", confunde-se com a aura do local onde o poeta a iniciou: o castelo de Duíno, que se situa perto da cidade de Trieste sobre o mar Adriático. Deixo-vos uma parte - na tradução de Maria Teresa Dias Furtado - da primeira elegia.   Se eu gritar quem poderá ouvir-me, nas hierarquias dos Anjos? E, (...)