Superavit
Há muito que se conhece a frieza dos credores que jogam no casino das dívidas, como também se percebeu que não era rigorosa a narrativa de que as dívidas não se pagam. Para além de tudo, um não pagamento ou reestruturação radical provoca efeitos sistémicos imprevisíveis. Também é só meia-verdade afirmar que não se pagam dívidas na totalidade porque os juros são um negócio fantástico que convém alimentar, porque existe a necessidade de contrair dívida para o investimento público como imperativo de desenvolvimento democrático e isso exige planos de pagamento de médio e longo prazos. O que mais fragiliza as democracias actuais são as imparidades, a ganância e os offshores e a inconsistência agrava-se com a incoerência de quem muda de discurso sobre défice e superavit consoante está no governo ou na oposição. Esse descrédito abre portas eleitorais também a quem acha a democracia uma desnecessidade e uma perda de tempo e omitindo a posição sobre défice e superavit; e o pior é se toma o poder.