Porque "Aprender Não é Uma Competição", Singapura Aboliu os Rankings e Outros Familiares no Atraso Civilizacional
Singapura, um farol para os mais fundamentalistas defensores dos rankings, "aboliu os rankings de escolas pelos resultados dos alunos em exames". O Ministro da Educação, Ong Ye Kung, quer mostrar aos alunos que “aprender não é uma competição”. Dá ideia que Singapura se fartou da inacção enquanto se repetia que os "rankings são muito redutores". Em Portugal, continua a ser surpreendente o modo como se comparam os resultados entre escolas públicas e privadas.
Os relatórios em Singapura entraram no modo decente, civilizado e muito saudável. Deixaram de publicar a posição de um aluno em relação à turma ou a qualquer grupo. Esta informação interessa ao respectivo encarregado de educação e às organizações do sistema educativo. Mas não é apenas isso. As informações removidas incluíram:
Média das turmas e dos ciclos.
Pautas públicas de classificações.
Notas mínimas e máximas.
Resultado do final do ano.
Médias das notas de qualquer grupo de alunos.
Quadros de mérito académico e restantes procedimentos análogos.
Médias gerais de classificações.
Nota:
O que terá acontecido com as crianças e jovens em Singapura (um país dos lugares cimeiros do PISA e dos alunos "top performers") para esta mudança radical? Estas alterações são imediatas porque o acesso ao ensino superior em Singapura é diferente do nosso. Aliás, em Portugal a situação tem um dado curioso: 95% (cerca de) dos candidatos ao superior são colocados nas primeiras opções e 95% (cerca de) dos cursos não justificam este modelo de acesso para preencherem as vagas. Impõe-se a interrogação: a quem interessa o estado vigente?
Publicam-se hoje rankings de escolas novamente sem os dados socioeconómicos das escolas privadas. Por muito que se desvalorize estas hierarquias, a mediatização sempre influencia (as primeiras dezenas de lugares são dos estimulados privados). Sabemos da lógica que se sobrepôs exigindo rankings, para publicidade, associados a um acesso ao superior com numerus clausus. A comunicação social sabe tudo isto, mas finge que não percebe e insiste em destaques comercializáveis.
1ª edição este post em 22 de Outubro de 2018.