Para além da exaustão, é sempre o medo e até o medo de voltar a ter medo
Sinto-me profissionalmente realizado, mas algo desiludido civicamente (embora nunca tenha sido um iludido; mais um optimista e um inconformado com sentido de justiça) com a generalidade do que me rodeia; e 20 anos intensos de blogue dão uma boa visão do país (e o grave caso STOP não me surpreendeu). No caso dos professores, há algumas atenuantes como escrevi em 3 de Junho de 2011:
"(...)Não sei se o caso France Telecom foi consciente. Não tenho dados para o veredicto. Do mesmo modo, permito-me dar lugar aos que especulam que o que se viveu em Portugal nos últimos anos foi de premeditação inconsciente embora com resultados igualmente desastrosos. O que mais me impressionou neste período, e que me oxigenou a não desistência, foi a generalização do medo. O pavor de existir é a mais nefasta herança desta governação.
A má burocracia corporizada em amontoados de grelhas anula o indivíduo e o seu inatismo cooperativo e gregário. Institucionaliza o formulário com campos sem fim e em que o erro num deles pode sentenciar a reprovação, a vergonha e a imobilidade na progressão na carreira. Sobrecarregar o indivíduo com burocracia associada a uma pirâmide clientelar e preenchida por uma ficção em forma de ferro, venera a bajulação, exclui a dignidade e impede qualquer veleidade à inovação, à inteligência e ao primeiro atributo do conhecimento da razão: a liberdade.(...)"