"Quem Quer Ser Professor?"
"Quem Quer Ser Professor?" foi a pergunta do dia para o fórum da Antena 1 e relacionou-se com mais um estudo com indicadores muito negativos para a profissão de professor: "75% está em burnout ou para lá caminha e só 1% tem menos de 30 anos". A mediatização dos sucessivos Governos sobre educação, e até o registo "colectividades de instrução e recreio" (com todo o respeito por estas, obviamente) dos planos de actividades, interrogará os menos informados: mas afinal não preparamos o futuro como quase ninguém? Na minha modesta opinião, a imagem é elucidativa. Importa conhecer o que está abaixo da linha de água e além das festividades e campanhas. O facto, é que se sucedem as reformas, algumas com inscrições opostas, e a carga burocrática aumenta. Ciclicamente, lê-se: "o tempo dos professores deve ser ocupado no processo de ensino e não em burocracias, recomenda o Conselho Nacional de Educação."
Consideremos o seguinte exemplo: um avaliador externo, que classifica escolas, faz gala da sua info-exclusão, exige toda a informação impressa, verifica se a mesma informação está repetidamente inscrita em inúmeros documentos impressos (actas, relatórios e por aí fora) e tem uma aura de severidade que intimida as escolas (e faz de tal modo escola, que uma "espécie de síndrome de Estocolmo" acrescenta documentos ou as já famosas grelhas). Leu bem. É mesmo como leu. Façam-se visitas guiadas aos arquivos das escolas e, se se quiser inscrever um cúmulo, conte-se o número de plataformas digitais licenciadas ou criadas pelo ME que repetem dados lançados por professores e restantes profissionais. Ou seja: o quadro descrito seria impossível num qualquer ambiente moderno de gestão. E nem era preciso ir a Silicon Valley para se perceber a atmosfera doentia de gestão e administração do sistema escolar português. A escalada tem duas décadas de acumulação e lançou-a no limiar da implosão.