O ressentimento dos professores tornou-se estrutural
Sindicatos, Governo, partidos políticos e comunicação social afastam-se da semântica do protesto dos professores e tornam-no interminável. E isso explica-se, em parte, pela velocidade dos tempos associada às sínteses apressadas e à impaciência, na bolha mediática, para explicações sem soundbites. Por outro lado, é fundamental não esquecer que esta explosão começou com a ideia de se passar os concursos para a escolas.
A bem dizer, é óbvio que os professores não abdicam muito justamente da recuperação de todo o tempo de serviço para todos e da eliminação de vagas nos 5º e 7º escalões. Mas quando repetem à exaustão que não confiam e que exigem respeito, é porque "a falta de democracia na escola é a mensagem cimeira". O medo de serem incomodados nas escolas impede a expressão clara desse sentimento.
O ressentimento - acrescentado a um tríptico de "fuga", cansaço e revolta contida -, provocado por uma avaliação que é uma farsa meritocrática e aplicada por um modelo de gestão que abriu portas à autocracia e ao amiguismo, tornou-se estrutural. A sua eliminação não carece de investimento financeiro; pelo contrário: reduz despesa, desde logo nas baixas médicas e na restauração da democracia. Mas mais: recupera "fugitivos" e a atractividade da profissão; e de acordo com os estudos, os jovens professores transformam-se em "fugitivos" na primeira ocasião.
Bem sabemos que sindicatos e partidos se financiam na formação especializada - em regra irrelevante - em avaliação, supervisão pedagógica, e administração educacionais e que estão acomodados aos seus interesses corporativos. Mas é tempo de mudar. O ressentimento radicaliza eleitores.
Aliás, repare-se com atenção na ordenação das primeiras 10, de 25, reivindicações dos professores: