o pior é perguntar - o mec fez a metáfora perfeita
Oito anos depois da publicação, há mais uma lei do MEC a gerar confusão. É inacreditável o estado de sítio legislativo. E não é que a letra seja dúbia, a guerra aos professores assumida por Lurdes Rodrigues é que fez prevalecer o espírito persecutório. Só por isso é que há dúvidas na aplicação da redução da componente lectiva por idade.
Havia, naturalmente, professores com reduções antes de 2007 e a tal lei diz que devem obter mais 2 horas aos 50, outras duas aos 55 e mais quatro aos 60, sempre num limite de oito. Houve escolas que sim e outras que não. O tal espírito era também maioritário nas escolas, a coisa complicou-se e depois veio a troika com a malta do além. Há um dirigente do MEC, que se demitiu (ou foi) em 2014, que fez um parecer claro favorável aos professores logo desmentido por mais uma circular, esta de anteontem, da sua substituta (que até tinha dado esperanças à eterna pró-ordem e a um dos quinze sindicatos - os outros catorze estão em parte incerta -). Às tantas começaram a fazer contas a retroactivos e a novas contratações e deixaram para quem se seguir.
O MECmiguel deve ter lido qualquer coisa do MECministério, digo eu, e fez a metáfora perfeita.
Em Londres, quando fazemos uma queixa sobre uma coisa que nos foi servida, surripiam-na da mesa - sem olhar para ela - e substituem-na logo.
Num restaurante predilecto para os pequenos-almoços (o Fountain do Fortnum's) serviram-nos um chá em que flutuavam algumas cinzas. Queixei-me e o empregado nem pediu desculpa. Fingiu-se envergonhadíssimo e, passado um minuto, tinha chegado um bule com chá perfeito.
No Hotel Ritz de Londres (onde não se pode dizer, como disse Harold Pinter durante um ensaio de uma peça dele que ele encenava, que "não estamos no Ritz") apareceu-nos um jarrinho de leite cheio de bolhas de gordura. Mal protestámos chegava outro jarrinho cheio de leite perfeito.
Em ambos os casos fiz questão, como repórter intrépido que sou, de perguntar porque é que assim tinha sido. Explicaram-me logo, como se fosse óbvio (até porque era) que "it saves time and assumes the customer is always right".
Em Portugal, entretanto, mesmo nos melhores (ou mais caros, já que raramente coincidem) restaurantes, os empregados examinam e atrasam tudo, olhando para as queixas e opinando sobre elas: "Tem razão, o garfo está sujo" ou "Não, esta mancha no copo é por causa da máquina de lavar louça".
Seja como for, perde-se tempo e, sobretudo, põe-se em causa a queixa do cliente. Se o cliente (por muito enganado e paranóico que seja) acha que o copo está sujo, mais vale concordar com ele (ou ela) do que tentar provar, agressivamente, que não é assim.