O Ministro Divertido
Considerando a actualidade, qual terá sido o critério para a nomeação do ministro da Educação? Não se sabe o que pensa sobre educação ou gestão do sistema, nem se conhece intervenção no espaço público. É, nesses domínios, um conjunto quase vazio. Referiu a escola-alfaiate (à medida de cada aluno), que é uma intenção com mais de sessenta anos, e afirmou ser um defensor radical dos professores (sei que é risível, mas aconteceu). Nunca leccionou. Qual terá sido então o critério? Pertencer à grande família partidária? É insuficiente. E ao afirmar que os professores escolhem o melhor de "dois mundos", tira do sério quem conheça o assunto. Desrespeita os profissionais e, em regra, estas diversões têm um final infeliz. A administração pública recuperou todo o tempo de serviço, com excepção dos quatro corpos especiais: professores, magistrados, militares e polícias. Anuncia-se a recuperação de 70% do tempo de um escalão. Objectivamente, os professores recuperam 2 anos e tal de 9 e qualquer coisa. É só fazer as contas. Mas até a aplicação dos 2 anos e tal (30%) gera ultrapassagens inaceitáveis entre professores, porque não se aplica a todos ao mesmo tempo e mantém o péssimo mundo dos 30%: os milhares de ultrapassados não recuperam em 2022, mas em 3 parcelas mais mundanas (2019, 2020 e 2021) e as ultrapassagens concretizam o mundo selvático com mudanças de escalão a partir de 1 de Janeiro de 2019. Em vez de pedir desculpa, o ministro foi divertido dando razão aos que criterizam a sua nomeação como uma figura sem voz que facilita um qualquer acerto de contas.
Nota: quem segue esta saga, concluirá que os professores estão cheio de razão desde o início e que o generalizado "arremesso ao professor" padece de uma patologia social.