o homem médio como prescrição estatística do homem comum
Que me lembre, contactei a primeira vez com a formulação em título nos conselhos que recebi para viver bem no serviço militar: não te distingas, sê discreto e passa o mais possível despercebido.
Vem isto a propósito do Governo que ainda temos, do inclassificável (só têm alguma atenuante se recorreram a Maquiavel) recurso aos especialistas da troika para a enésima reforma de sentido único do estado social e para a conversão veneradora à absolutização da estatística. A sugestão para o bom tempo militar subscreve os modelos vigentes que não encontram espaço para as fraudes do tipo BPN e que nos arruinaram. Nem as instâncias internacionais, e de supervisão mundial, detectam os milhares de milhões em fuga e só têm olhos para a média.
Para Quételet "(...)o homem médio é para a nação o que o centro gravidade é para um corpo(...)". Há quem entenda que se deve levar muito a sério esta metáfora.
O homem médio pode resumir todas as forças vivas de um país, coligando-as numa espécie de massa única. Os modelos assentes na obstinação estatística, e que socorrem a troika e ao que parece os tecnopolíticos como o ministro das finanças, advogam uma excelência da média como tal, seja na ordem do bem ou do belo: "(...)O mais belo dos rostos é aquele que se obtém ao tomar a média dos traços da totalidade de uma população, do mesmo modo que a conduta mais sábia é aquela que melhor se aproxima do conjunto de comportamentos do homem médio(...)", disse ainda Quételet quando reflectia sobre a génese dos totalitarismos.
1ª edição em 1 de Novembro de 2012