O Correntes faz hoje 21 anos
51 anos depois do 25 de Abril, o Correntes faz 21 anos de existência. Como olhei para os blogues como actos de cidadania, de liberdade de opinião e de responsabilidade social, fiz coincidir o início do Correntes com uma comemoração do dia "inicial, inteiro e limpo".
A Revolução dos Cravos, com os seus ideais de utopia, de generosidade, de desapego pelo poder e de defesa corajosa e intransigente da democracia, integrará a história universal como o mote inquestionável do desenvolvimento do país. E se há muito por fazer na consolidação das políticas inclusivas, é também imperativo repetir e elevar os ideais de Abril.
Aliás, em "Porque falham as nações", de Acemoglu e Robinson, conclui-se nesse sentido: na história universal dos últimos três milénios, as nações não falharam por causa da geografia, da religião, da cultura ou das riquezas de subsolo, mas pela incapacidade em transformar políticas, instituições e empresas extractivas (que acumulam a riqueza em oligarquias) em inclusivas (que distribuem a riqueza e diminuem as desigualdades). Mas só a consolidação do modelo inclusivo durante décadas é que se reflecte positivamente no crescimento económico e no desenvolvimento das empresas, da cultura e da escolarização - e, naturalmente, na redução das desigualdades.
E voltando aos 21 anos do Correntes, os blogues tornaram-se uns clássicos da informação digital. Embora continue com um registo diário, os textos mais trabalhados sobre educação têm uma publicação mais espaçada e primeiro no jornal Público. De facto, vinte e um anos sempre são sete mil seiscentos e setenta e um dias.
Em suma, continuo a gostar muito de ter um blogue. Escrever é um desafio fascinante, mais ainda num tempo tão difícil e incerto. Como já afirmei noutras alturas, continuarei sem injustos pessimismos (e até a pensar nas gerações seguintes) ou optimismos inadequados, mas sempre com uma inabalável esperança num mundo melhor.
Muito obrigado.