o clubismo repete-se
É frequente, e tolerável, a intransigência clubística no futebol, mas não podemos ter a mesma condescendência em relação aos partidos políticos. Já nos tempos dos governos de Sócrates deparámos com socialistas (muitos professores) que tardaram em aceitar, ou nunca conseguiram, o óbvio da tragédia. Essa espécie de masoquismo diz muito das limitações humanas.
Passa-se algo semelhante nos tempos que correm, embora os defensores da actual maioria sejam ainda mais dissimulados; mesmo no seio dos professores.
Um dos argumentos que mais usam para disfarçarem a incomodidade com os cortes a eito, ou até, pasme-se, com a suposta corrupção na relação público-privado, é a redução de alunos. É uma falácia. O decréscimo mais acentuado da natalidade nos últimos três anos só se sentirá no primeiro ciclo a partir de 2017. Existem, todavia, factores transversais: a emigração de 300 mil pessoas em três anos terá "levado" muitos alunos de todos os graus de ensino, há um decréscimo na imigração e existe o empobrecimento. E é bom que se repita: Portugal deve aumentar o número de alunos no 3º ciclo e no ensino secundário e deve reduzir o número de alunos por turma em todos os graus de ensino. Só não regista este argumentário quem, e repetidamente, não vê o óbvio da tragédia.