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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

o círculo como escolha

20.09.14

 

 

 

O "Relatório estado da Educação 2013" do CNE parece que conclui que há escolas que inflacionam as notas dos alunos e que excluem os mais fracos por causa dos rankings. O Governo diz que desde de 2003 que se conhece o fenómeno, com a escolha da data a indicar que a aliança democrática está na queda habitual.

 

É tudo tão previsível e circular que não nos podemos queixar com o retrocesso dos indicadores escolares. E o que mais cansa é o assobio lateral dos descomplexados competitivos que mais não fazem do que debitar receitas para os filhos dos outros. Em regra, estes "especialistas" "encostam-se" aos top performers, como se estes e as suas famílias precisassem da sua existência, e lá se devem considerar sócios do clube restrito e com aversão aos que "não querem aprender".

 

Pedir à escola que seja, simultaneamente, exigente e inclusiva é a verdadeira quadratura do círculo já conhecida no século passado. Torna-se numa alucinação quando se absolutiza a categoria exigência que exclui sem dó no mercado puro e duro que estamos a viver há cerca de uma década.

 

Nem os países que eliminaram o analfabetismo no século XIX encontraram uma saída democrática na alucinação descrita. Instituíram ideias que esbarraram no aumento da desigualdade de oportunidades.

 

Portugal tem indicadores de exclusão escolar que aumentarão em sentido proporcional à alucinação.

 

Abandonámos a sensatez.

 

Advogar o fim dos mecanismos de mercado puro e duro ("mercado puro e duro", ou selva para se ser mais preciso, é diferente de avaliar com rigor organizações escolares onde se incluem os resultados dos alunos) é considerado pouco ambicioso e falho de modernidade. Haverá mesmo quem considere falho de empreendedorismo. Só que qualquer sistema bem sucedido na formação de pessoas foi construído com bases alargadas. Aos advogados da alucinação falta-lhes contacto com o real e humildade.

 

Portugal é, e escrevo-o com tristeza, cada vez mais um país com um sistema escolar em profundo estado de alucinação.

 

 

 

 

Já usei esta argumentação noutros posts.

 

 

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