Nem a Matemática Escapa
Os modelos matemáticos Covid-19 de meados de Janeiro projectaram indicadores ainda mais caóticos para os finais de Fevereiro. Mas como se confinou a 24 de Janeiro, os valores não se confirmaram; obviamente. Aliás, a quebra acentuada dos números confirmou as necessidades de confinamento. Mas, e por incrível que pareça, há quem desvalorize os modelos porque os valores registados em finais de Fevereiro eram muito inferiores aos projectados em meados de Janeiro quando ainda não se tinha decidido confinar nesta dimensão; e os leitores que me desculpem a redundância.
E são estes mesmos descredibilizadores que "usam" modelos matemáticos que projectam para 2060 a quebra de x por cento de rendimento dos alunos actuais por cada mês sem aulas na presente pandemia. É imperativo (e já era desde o início da pandemia) defender a escola presencial, mas convém não cair em exageros. Não há modelo matemático realista sem a introdução de variáveis independentes no SPSS baseadas em fenómenos imprevisíveis e não calendarizáveis: catástrofes, alterações significativas sociais e políticas e desempenhos económicos das nações. E isso é uma “impossibilidade”. Ou seja, "usar" modelos matemáticos para estes futuros rendimentos dos actuais alunos é que é demagogia e populismo.
Parece que os decisores políticos já perceberam que os modelos matemáticos fornecem indicadores fundamentais, mas com projecções que muito dificilmente se transportam para várias décadas depois em algumas variáveis. O que sabemos da história, e da economia política, dos últimos três milénios é que ajuda muito a pensar o futuro: as nações não falham derivado à insuficiência de riquezas naturais ou por causa do clima, da geografia, da religião, da cultura ou da escolaridade. Falham, e repita-se, porque não conseguem transformar com consistência temporal políticas, empresas e organizações extractivas em inclusivas. Ou seja: não distribuem a riqueza; concentram-na em oligarquias e elites.
E depois, há o que é comum denominar-se por matemática da vida. Como alguém disse, esse exercício não se resume a saber que 2 + 1 é = a 3. É mais complexo. Trata-se de tomar consciência que, por vezes, um simples erro de cálculo pode levar a sérias consequências e que é inadmissível repeti-lo.