mais pelas palavras
No tempo em que não havia google nem sequer internet, e considerando a informação preciosa que se perdia, dediquei-me à construção de bases de dados para alguns assuntos. A dos "ficheiros secretos" tem entradas com resumos de conferências. Andava à procura das questões que apresentei a Eduardo Prado Coelho e encontrei as que coloquei a Bragança de Miranda na conferência sobre corporeidade (estiveram lá os dois) em 7 de Novembro de 1997, na Cruz Quebrada.
Regressei a Bragança de Miranda por causa do vídeo, que colo mais abaixo, imperdível "Palavra e tentação". As questões foram colocadas assim:
Muito obrigado.
Vou colocar duas questões e gostaria que estabelecesse uma relação entre elas, partindo de três categorias: ideologia, responsabilidade e dor.
Primeira questão: considerando o conceito de ideologia, que por aqui estabelecemos, como um conjunto de interesses inconfessáveis (e pensei no consenso manufacturado de Chomsky e na comunidade que vem de Agamben) quais são os interesses inconfessáveis da ideologia do corpo?
Segunda questão: se a responsabilidade das ligações é de cada um dos corpos organológicos, e se o primeiro movimento da responsabilidade é a dor, como será a responsabilidade de um corpo sem dor e a que ideologia isso interessa?
A resposta de Bragança de Miranda, depois de sorrir e de uma pausa, foi sábia e merecia uma conferência: "o mundo passa mais pelas palavras do que pela fisiologia".