Interacções
Embora quem decide sobre orçamentos dos estados pretenda a redução no investimento em profissionais da educação, as lições Covid-19 concluem que está muito distante a substituição das aulas presenciais por fórmulas de "uberização" através de "ensino" à distância (ou sequer de IA) até como panaceia para a falta de professores. O que temos assistido é àquilo que até a alinhada OCDE concluiu: "Portugal é dos países onde os alunos e encarregados de educação têm a melhor opinião sobre os professores". Voluntarismo, iniciativas para estar na primeira linha da ajuda, forte sentido de solidariedade e medo de perder o vínculo contratual, terão levado os menos avisados a confundir sentido profissional, e moral, com generalização de um qualquer "ensino" à distância. O que aconteceu quase que se circunscreveu à ideia de estar ligado considerando a panóplia de recursos digitais, simples e intuitivos, disponíveis. Para além de tudo, só se combaterá ainda melhor uma próxima pandemia se um mundo cada vez mais autoritário for contrariado com sólido conhecimento da história e da cultura assente em relações presenciais.
E é nesse sentido, e numa fase em que a Covid-19 provoca situações dolorosas e impensáveis, que me recordei do que mais interessa (salvar vidas) e do texto na imagem que Ernest Hemingway escolheu para começar "Por quem os sinos dobram". Percebe-se que a (re)construção da Europa não se fará com sistemas escolares que inscrevam desde cedo "ilhas isoladas" em relações à distância.