Exclusão Escolar
À excepção de uma referência de António Costa à "flexibilização das escolas", que nivelou a medida pela importante redução dos preços nos "passes dos transportes públicos", a escola foi excluída do debate eleitoral: ou seja, está tudo conversado.
A "flexibilização das escolas" oxigenou o ambiente doentio, para alunos, professores e encarregados de educação, provocado pelo inferno da medição reforçado por Coelho, Portas e Crato e iniciado nos governos de Sócrates e Barroso, porque a diversificação das formas de avaliação dos alunos reduziu a ansiedade global. Para além disso, a "flexibilização das escolas" diferencia-as e exige-lhes inovação sustentada. Mas é muito cedo para avaliações definitivas, até porque nos universos comprovadamente ainda mais patológicos - hiperburocracia (também a digital), gestão e organização das escolas (agravar-se-á com esta municipalização) e estatuto dos professores e de outros profissionais - está quase tudo por fazer. Nos próximos meses haverá mais dados, até porque já se terão perdido, por efemeridade e esgotamento da indiferença dos profissionais, alguns sinais precipitados do “milagre educacional português” - como sublinha António Sampaio da Nóvoa (ver nota) - que preenchem o universo mediático escolar.
Nota: no prefácio do recente livro, "Conhecimentos versus competências", de João Costa (SE da educação) e João Couvaneiro, António Sampaio da Nóvoa escreve assim na página 12: "(...)Ao longo do século XX, fizeram-se muitas reformas de currículos, dos programas e dos métodos, mas ficaram intactos os ambientes educativos (por "ambiente" não me refiro apenas ao espaço físico, mas também à divisão do tempo, ao trabalho dos professores, à estrutura da sala de aula e a da escola, etc.)(...)" e acrescenta na página 13: "(...)Quando fiz as conferências de 2006 e de 2010, vivia-se um tempo de críticas radicais à escola e aos educadores.(...)Rapidamente se percebeu que estas críticas se destinavam, sobretudo, a instaurar uma nova ordem educativa, ortodoxa, ideologicamente marcada, que se escondia numa retórica de rigor e de exigência, de conhecimento e de ciência.(...)Hoje, quando escrevo este prefácio, vive-se um tempo de euforia, com alguma imprensa estrangeira a falar do “milagre educacional português” e de Portugal como a "estrela emergente" no quadro PISA. É preciso ter cuidado com esta visão lisonjeira da nossa escola e do nosso sistema de ensino. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.(...)"