E vota-se em quem desrespeita direitos fundamentais?!
E vota-se em quem desrespeita direitos fundamentais?!
Vamos por partes. Olhe devagar e com atenção para a imagem dos três homens, que já usei noutras publicações, e responda à pergunta que se segue: tal como está impressa na imagem, a figura da direita é maior do que a da esquerda?
A resposta óbvia vem depressa à mente: a figura da direita é maior. Mas se medir as figuras, verá que são do mesmo tamanho. A impressão do seu tamanho relativo é dominada por uma poderosa ilusão que ilustra de forma clara o processo de substituição (Daniel Kahneman (2011) em "Pensar, Depressa e Devagar").
De facto, e num mundo com tanta desinformação e manipulação, as percepções que nos levam ao voto e a tantos outros juízos exigiriam que se buscasse, no mínimo, um equilíbrio entre pensar depressa e pensar devagar. Para a pergunta de espanto com o voto em quem desrespeita direitos fundamentais, a resposta pode ser: pensa-se depressa ou só se vê o que se quer.
A propósito, há dias lembrei-me de uma curiosidade: no princípio do século XX, foi mostrado um filme com cenas de rua da cidade de Londres a uma tribo africana. No fim, perguntou-se aos espectadores o que podiam destacar do filme. Referiram uma galinha. Os exibidores do filme ficaram surpreendidos, pois não sabiam da existência da tal galinha. Revisto o filme, lá encontraram de facto uma galinha que aparecia em breve momento e que foi a única coisa reconhecível para aquelas pessoas.
Portanto, haverá quem ache que, na imagem dos três homens, a figura da direita é maior e nem as vai medir. É maior e será sempre maior. É como no desrespeito pelos direitos fundamentais. Há períodos em que prevalece alguma vergonha em o verbalizar, mas, como diz a história, emerge sempre que há condições políticas e sociais para o fazer.