É a modernização da máquina, sr. ministro!
A AD tem no seu programa uma passagem absurda em relação aos concursos de professores: colocá-los também pela área de residência. Acho que se percebe a impossibilidade, a exemplo do "acabar com a mochila às costas" do Governo anterior. Mas é um sinal da mesma família, o actual ministro dizer ao Público que "(...)imaginem estar a manter um concurso com esta dimensão todos os anos, em que o professor que agora está a 15 quilómetros, agora quer ficar a cinco quilómetros. É preciso pesar isso, porque ele sai de uma escola e gera rotação, gera instabilidade na escola, prejudica o projecto educativo dessa escola.(...)".
Então e o direito de aproximação à residência (que está no programa da AD)? E as vagas de quadro que abrirão em catadupa todos os anos por via das aposentações? Ou seja, não é qualquer projecto educativo que está em causa; pelo contrário, se a rede escolar for bem planeada e se a maioria dos professores for do quadro como nas sociedades desenvolvidas onde não faltam professores. E, já agora, a boa gestão exige elevar uma organização com todos os alunos que se matriculem e com todos os profissionais colocados por concurso público.
O que está em causa é a preguiça de uma máquina (anos a fio a empregar quadros partidários) que necessita gritantemente de modernização (e a gestão das escolas não escapa à mesma necessidade). Use-se o "Reconhecimento de Padrões" (vulgo Inteligência Artificial) nessa modernização. Dá trabalho e é menos lucrativo para as gigantes tecnológicas que investiram muito nos conteúdos e nas redes de recursos educativos? Claro que sim. Mas nunca se ouviu dizer que a democracia, e a sua governança, não dão trabalho, e, por outro lado, cada vez se tem mais certezas sobre a exposição excessiva das crianças e jovens à selva digital.