dos optimismos e dos pessimismos
Acompanho há algum tempo a mediatização à volta da privatização da rede escolar. Quem conhece a constituição portuguesa, e concorda com o texto como é o meu caso, sabe que está previsto o ensino gerido por particulares (privado ou cooperativo). São poucos os que advogam a "impossibilidade" desse tipo de ensino.
Desde que se tornou demasiado evidente a privatização de lucros associada à ilegalidade na edificação de escolas e à precarização ilegal de professores, a mediatização foi em crescendo atingindo anteontem mais um pico. São processos que também acontecem nas democracias. É evidente que era bom que não fosse assim. As reacções pessimistas são as habituais: não dá em nada, é sempre a mesma coisa, estão todos alinhados e por aí fora.
Sejamos francos: existe matéria divulgada pela comunicação social a que ninguém ficou indiferente e, pelo que se sabe, o poder judicial também. Há um ano, no mínimo, que anda a investigar e fica a ideia que o processo investigativo vai para além das vontades partidárias. É a justiça a funcionar e, pelo que se lê, há pessoas dos mais variados géneros partidários a serem investigadas.
É vulgar dizer-se, e bem, que se deve esperar pelo veredicto da justiça. Os que fazem do exercício da cidadania um dever, têm o quarto poder (hoje mais vasto do que nunca) para dar corpo ao seu "optimismo". Sim, porque sem algum optimismo e sem uma crença, mesmo que mínima, na democracia, não é possível ajudar a que a justiça funcione.