dos arrependidos que derretem Nuno Crato
Quando os "mitos urbanos" de Nuno Crato ainda não atingiam o ensino superior, os professores do não superior desencadearam a luta mais difícil (Junho de 2012) da última década com uma impopular greve a exames do 12º ano e a todas as avaliações de final de ano. A não ser assim, cerca de 10000 professores dos quadros seriam empurrados para uma brutal requalificação rosalina e mais uns 10000 ficariam sem contrato.
Nesse momento tão difícil, Carlos Fiolhais escreveu coisas assim:
"Certas greves são usadas como feitiços e, nesse caso, os dirigentes sindicais portam-se como feiticeiros. Os dirigentes dos sindicatos dos professores estão a usar a greve como feitiço para esconjurar ameaças à "classe docente". Mas pode bem ser que o feitiço se vire contra os feiticeiros.(...)Há males que vêm por bem: pode ser que, cumprindo-se o ditado sobre o feitiço, surja uma Ordem dos Professores que valorize os princípios de ética profissional mais do que os sindicatos".
Fiolhais confessou-se amigo do ministro, mas mudou a análise quando a impreparação de Crato se alargou ao superior. Ontem, no Público, Fiolhais assina "Quatro anos de lata" em contraposição às "duas décadas de ouro de Mariano Gago".
Deixei ficar algumas passagens da crónica (o que se dizia dos professores que escreviam coisas assim em 2012 e antes disso):
"(...)Gago(...)duas décadas de ouro(...)os últimos quatro anos foram de lata:(...)manifesto abandono da ciência.(...)Crato cortou a eito na ciência(...)A desconstrução do sistema científico-tecnológico que Gago tinha erguido foi brutal: a ordem foi para abater(...)universidades e politécnicos à beira da ruptura.(...)bastante pior do que cortar. Os recursos disponíveis(...)com uma tenebrosa gestão na FCT, foram atribuídos de modo opaco e irracional, completamente ao arrepio do espírito científico(...)assistimos a uma política de quero, posso e mando.(...)resultados catastróficos da “avaliação” provinham dessa regra nunca anunciada, justificada ou assumida,(...)Os “peritos” da ESF(...)insuficientemente qualificados,(...)O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas(...)afirmou(...)que o processo era um “falhanço pleno”. Foram bastante diplomáticos: podiam ter dito que era uma completa fraude. Na segunda fase, a arbitrariedade continuou, com atropelo das regras estabelecidas pela própria FCT(...)numa altura dita de austeridade, a FCT decidiu atribuir chorudos financiamentos públicos a fundações privadas.(...)A manifesta incompetência da gestão da FCT foi provavelmente agravada pela falta de tempo do seu presidente, que continuava professor no Imperial College de Londres.(...)"