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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Do momento e dos estudos comparados em educação

28.04.16

 

 

 

Não posso estar mais de acordo com este post do Paulo Guinote sobre o assunto em título. Os estudos comparados em educação são muito difíceis e exigem muita prudência nas conclusões. A escolha da escola, e a natureza desta, parece ser mais um dos algoritmos do momento. A indisciplina escolar é outro clássico. O nosso sistema escolar caminha de forma circular e muitos erros (sim, erros crassos, cratos e rodrigueanos) são cometidos em nome de "verdades" não comprovados. Há uma década que a voragem se instalou e foi premonitória para o estado de desorientação em que estamos.


A formulação que a seguir volto a apresentar, e que escrevi há uns dois anos, parece-me sempre oportuna.


A história dos sistemas escolares evidencia: sociedades com mais ambição escolar e com meios económicos que a sustentem atingem taxas mais elevadas de sucesso escolar. É irrefutável. Podíamos até atribuir a essa condição uma percentagem próxima dos 90%. Ou seja: se conseguíssemos sujeitar 100 crianças a uma escolaridade em duas sociedades de sinal contrário, os resultados seriam reveladores. Deixemos esta responsabilidade nos 60% para que sobre espaço para os outros níveis.

Se testássemos 100 alunos em escolas com organizações de níveis opostos mas na mesma sociedade, esperar-se-iam resultados diferentes. Todavia, essa diferença não seria tão acentuada como no primeiro caso. As condições de realização do ensino (clima escolar, disciplina, número de alunos por turma e na escola, autonomia da escola, desenho curricular, meios de ensino) devem influenciar em 30% e são mais significativas do que o conjunto dos professores.

Se 100 alunos cumprissem duas escolaridades com 100 professores diferentes, os resultados deveriam oscilar muito pouco. É neste sentido, abrangente, histórico e generalista que se deve considerar os 10% atribuídos aos professores.

É também por isso que pode ser um logro absoluto que uma sociedade com baixos níveis de escolaridade consuma as suas energias à volta do desempenho dos 10% ou sequer se convença que basta mudar o conteúdo físico ou contratual dos 30% para que tudo se resolva. A componente sociedade é decisiva e se fecharmos bem os olhos podemos até considerar que 60% é um número por defeito. Mas mais: por paradoxal que pareça, sem os 10% nada acontece e não há ensino.