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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

do conceito de trabalhador

01.05.14, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

"Por que será que se riem quando digo que trabalho muito?", interrogava-se há pouco um humorista. Compreendo-o. Fazer rir, como de resto acontece com a maioria das actividades culturais, fica além da compreensão dos do poder vigente. Para estes, um banqueiro ou um facilitador de negócios são o grau elevado do exercício profissional e o valor do trabalho restante mede-se pela "possibilidade" da sobrevivência para baixo; é disso que se riem.

 

Conheço bem o grupo profissional dos professores. Gozam de boa reputação, como trabalhadores, nos inquéritos junto das populações, mas "irritam" o poder político vigente na última década e meia em Portugal. Os professores são uma espécie de intelectualidade que incomoda e foram escolhidos, não apenas por serem muitos, como alvo a abater. E não foi apenas através da incerteza geral que assolou a Europa a partir da década de setenta do século passado e que só cá chegou perto da viragem do milénio (os atrasos também têm vantagens).

 

Por cá, as últimas políticas dirigidas à carreira dos professores dilaceraram a atmosfera relacional e instituíram a humilhação, a indignidade e o stress profissional em matérias diferentes das questões financeiras do empobrecimento para além da troika. Começou até antes da chegada dos credores. A "proibição" de se ser professor com mais idade e a eliminação por se ser jovem, iniciaram recentemente um ciclo ainda mais acentuado neste caso de saúde pública. Não é especulativo afirmar que todas as semanas ouvimos relatos da consequência devastadora da humilhação profissional que percorre silenciosa as mentes e os corações dos professores e que torna ainda mais insuportável o estado a que chegámos.

 

 

 

 

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