Década e meia perdida na Educação
A História não se repete exactamente, mas o que estamos a viver na Educação era previsível e parece plasmado de 2008. Confirma-se o que os professores disseram nessa altura: as políticas na carreira e avaliação dos professores, e na gestão das escolas, são desastrosas. Se em 2008 os professores resistiram, mas os poderes instalados anestesiaram a contestação, em 2023 a onda de saturação é ainda, e naturalmente, mais forte e informada.
É importante reforçar que a saturação dos professores é transversal e fundamenta-se em três condições: "fuga" para quem tem outra saída profissional, ou só olha para o que falta para a aposentação; revolta contida para quem ainda tem anos de serviço a percorrer; e sobrevivência visível para quem se sujeita à avaliação injusta e kafkiana. Os próximos tempos serão importantes e os professores não estão livres dos tais poderes anestesiadores até dentro da classe profissional. Como alguém dizia ontem, e a pensar, desde logo, no parlamento, no ME, nas ramificações e nos sindicatos, "há professores que deviam ter vergonha de estar nesta manifestação".
Em suma, o mundo mudou e década e meia perdida na Educação é imperdoável.
Segunda edição deste texto.