De Círculo Vicioso a Círculo Virtuoso
As nações são ricas se conseguiram, diz a história da economia política, desenvolver instituições inclusivas durante três séculos. Ou seja, entram em círculos virtuosos. Mas não basta uma revolução como a Gloriosa de Inglaterra (1688) ou Francesa (1789): em princípio, tudo começa aí: criam-se instituições inclusivas, mas só com muita determinação e altruísmo é que se consegue que a lei de ferro das oligarquias não se imponha aos novos poderes com o objectivo de perpetuar círculos viciosos.
E vem isto a propósito da discussão sobre as sociedades secretas. Algumas, e ao que julgo saber, tiveram ao longo da história um papel importante na defesa da liberdade e da democracia. Contudo, a actualidade é diferente. É voz corrente que essas organizações controlam os poderes central e local e que o secretismo parece que facilita negócios concertados entre partidos políticos que se opõem; digamos que é uma espécie de cartelização.
E repare-se num detalhe histórico fundamental: as organizações extractivas obedecem a uma lei que se denomina por lei de ferro das oligarquias (entre outras variáveis, respeito férreo pelas hierarquias); e a essência dessa lei é conseguir limitar quem toma o poder. A história está cheia de imposições dessa lei de ferro, até nas colónias e nas pós-independências.
Acima de tudo, os círculos viciosos são muito mais poderosos do que o que se podia pensar. Até Abraham Lincoln caiu nesse logro. Os círculos viciosos baseiam-se em fenómenos conhecidos: instituições políticas extractivas criam instituições económicas extractivas que, por sua vez, apoiam as instituições políticas extractivas. Ou seja, é uma simples formulação: a riqueza e o poder económico compram o poder político e as organizações secretas parece que são lugares estratégicos para que se institucionalizem os círculos viciosos.