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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

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Das Alterações Climáticas à Febre do PISA

08.12.19

 

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Enquanto os nossos representantes políticos se entretinham a discutir as formalidades da passagem da jovem Greta, com o Presidente da República a advogar o seu raro não aparecimento com o temor do "oportunismo", a imagem dá uma ideia da atmosfera que Madrid recentrou. Esta nossa fuga cíclica ao essencial, ou a opção pelo simplismo, tem algum paralelo com a discussão à volta da febre do PISA e com o óbvio sublinhar da OCDE com os progressos de Portugal desde 2000. Mas quando lemos ministros apressados a culpar antecessores ou defensores de ex-ministros a reivindicar o milagre das epifanias, temos de repetir: uma população menos pobre e mais escolarizada reduz, natural e gradualmente, o insucesso e abandono escolares e melhora os resultados em testes internacionais; principalmente nos febris. Se a sociedade estagna, as oscilações são pequenas. É também o caso português. A partir da última década do século XX fomos reduzindo a pobreza e aumentando a escolaridade. Os resultados PISA melhoraram gradualmente neste século e tendem a estabilizar uma vez que a pobreza teima em não descer dos 2 milhões de pessoas. Por outro lado, o tempo de uma legislatura tem reduzida influência nos dados de um país. O que é possível nesse período temporal é mudar uma escola ou num período ainda menor um professor pode alterar o percurso de um aluno ou de um pequeno grupo. E olhando para a nossa realidade, a "temperatura" pode estagnar, ou descer, na média da OCDE, se a sociedade não elevar as pessoas e se a organização das escolas mantiver os níveis descendentes da última década e meia associados à perspectiva ainda mais caótica na renovação dos professores.

Duas notas: quem elogia o "estar na média da OCDE", talvez modere o entusiasmo se considerar os países todos que integram o PISA; os nossos jovens estão felizes com a vida (a infância e a adolescência são, em regra, assim) ansiosos com a competição escolar e fazem uma apreciação muito boa dos professores, apesar de cerca de metade assumir que não os ouve.

Imagem: Courrier International