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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

da suspensão dos cursos de Comandos

09.09.16

 

 

 

Fui Comando. Por obrigação numa tropa para voluntários (começou nessa altura a objecção de consciência). Condicionado a dar o melhor para ser oficial e não ir parar a soldado sem graduação e sem especialidade. Éramos 87 no curso de oficiais e sobraram 7. Na prova mediatizada (prova de choque) éramos cerca de 500: ao segundo dia estavam cerca de 250 na enfermaria improvisada. Era tal a violência e alienação, que se traficavam tampinhas de cantil com água a 500 escudos a unidade (cerca de 100 euros com "equivalência" ao custo de vida actual). Um amigo de escola (o Jaime Naldinho), queria que lhe espetasse um prego da tenda na mão para ser evacuado. Como recusei (ele ficaria com mais uma lesão para a vida), correu atrás de mim acusando-me de estar feito com os inimigos (já não bastava o esforço daqueles dias loucos e infernais; estive para desertar a meio do curso). Dei instrução e pertenci à companhia operacional 112. Foram 18 meses inesquecíveis. Aprendi muito em diversos domínios; também na "arte da guerra" que até aí me era completamente estranha. Havia muitos exageros. Nestes cursos morreram dois ou três instruendos e alguns ficaram com lesões para a vida. Era uma coisa estúpida derivada de mau planeamento ou de insuficiências no equipamento. Não havia a mediatização actual. Era uma revolta muda. É inadmissível que se repita décadas depois (a unidade de Comandos foi extinta em 1993 e reactivada em 2002).

 

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