Da queda da escola pública: há, fatalmente, temas tabu para Governo, partidos e sindicatos
A proletarizarão dos professores, com os resultados que são hoje incontestáveis, começou em 2006 e em quatro eixos integrados: carreira, avaliação do desempenho, burocracia como prestação de contas e modelo autocrático de gestão para sustentar tudo isso na dependência do centralismo partidário (centro-esquerda ou centro-direita; mais centro-esquerda nos últimos 17 anos). Após 17 anos de luta dos professores, só na carreira houve uma mudança: derrubaram-se os titulares impostos pelo centro-esquerda, mas o centro-direita substitui-os por outra tragédia: vagas baseadas em quotas. Os restantes 3 eixos agravaram-se e estão intocáveis (alude-se à burocracia, mas sem qualquer efeito); e, fatalmente, são temas tabu para Governo, partidos e sindicatos.
A escola pública adoeceu e adoece os seus profissionais. "Desistem" milhares de professores em funções (mas não desistem de lutar), desistiram milhares de qualificados que experimentaram e desistirão os que vão entrar já rotulados pela impreparação científica e pedagógica (mais um legado indecente da geração que governa) e entregues a uma selva de amiguismo, clientelismo e caudilhismo.
A desorientação com a falta estrutural de professores vai concretizando uma espécie de pecado original: a proletarizarão dos professores e a desistência educativa do orçamento do Estado. Entramos no 50º aniversário do 25 de Abril com a escola excluída do laboratório da democracia. Mais do que a mesa negocial que leva um ano sem qualquer resultado efectivo (a única pressa para acordos centra-se na industria da formação e a recuperação do tempo de serviço destinar-se-á a reformados que nem a um lar de idosos terão acesso), exige-se que o Parlamento e o PR façam cumprir a constituição e a igualdade de oportunidades.