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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

da prescrição do homem médio

23.10.14, Paulo Prudêncio

 

 

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Contactei, que me lembre, claro, a primeira vez com a formulação em título nos conselhos que recebi para viver no serviço militar: não te distingas, sê discreto e passa o mais possível despercebido.

 

Vem isto a propósito do Governo, do recurso aos especialistas da troika para a enésima reforma de sentido único do estado social e para a conversão veneradora à absolutização da estatística. Só têm alguma atenuante se recorreram a Maquiavel. 

 

A sugestão para o tempo militar subscreve os modelos vigentes que não encontram espaço para as fraudes, que nos arruinaram, do tipo BPN ou BES. Nem as instâncias internacionais, e de supervisão mundial, detectam os milhares de milhões em fuga e só têm olhos para a média.

 

Para Quételet "(...)o homem médio é para a nação o que o centro gravidade é para um corpo(...)". Há quem entenda que se deve levar muito a sério esta metáfora.

 

O homem médio pode resumir todas as forças vivas de um país, coligando-as numa espécie de massa única.

 

Os modelos assentes na obstinação estatística, e que socorreram a troika e os tecnopolíticos como Gaspar, advogam uma excelência da média como tal, seja na ordem do bem ou do belo: "(...)O mais belo dos rostos é aquele que se obtém ao tomar a média dos traços da totalidade de uma população, do mesmo modo que a conduta mais sábia é aquela que melhor se aproxima do conjunto de comportamentos do homem médio(...)", disse ainda Quételet quando reflectia sobre a génese dos totalitarismos.