da memória recente e da avaliação de professores
Numa pesquisa dentro do blogue, fui parar a um post de 10 de Fevereiro de 2017 com o título "do Pisa e do óbvio".
Escrevi assim (antes de o leitor continuar, olhe para a imagem que acompanhou o post e recorde-se da recente desobediência da ex-ministra no preenchimento de uma plataforma com a sua avaliação; sorria, abane a cabeça na horizontal, mantenha-se sentado e continue; se for caso disso, claro):
Os resultados dos alunos melhoram em proporcionalidade directa com os aumentos da escolarização da sociedade e do número de pessoas da classe média (ou da redução de pobres), num processo que exige tempo. Este princípio elementar é confirmado por Portugal nos resultados PISA, de 2000 a 2015, que testa alunos de 15 anos em competências (e não nos tradicionais conteúdos disciplinares) de leitura, ciência e matemática. Mesmo que as principais políticas educativas dos diversos governos tenham sido (em regra e reconhecido pelos próprios) inaplicáveis, inexequíveis, com radicalismo ideológico, contraditórias ou incoerentes, a ambição escolar das famílias, associada à capacidade dos professores na adaptação das aulas aos alunos (os professores portugueses são os melhores da OCDE neste requisito), assegura o progresso dos resultados.
A Europa "concluiu" a massificação escolar no período em que Portugal a iniciou: a década de setenta do século passado. Em 2003, já iniciávamos uma recessão escolar coordenada pelos ministros que se vêem na imagem, com excepção do moderador, Marçal Grilo, que é do tempo expansionista. Esse despovoamento a eito do território, em modo de mega-escala desconhecida no mundo estudado, foi a linha condutora entre os ministros (como nestes assuntos os resultados são a médio e longo prazos, o INE acaba de anunciar que o abandono escolar precoce aumentou em 2016, depois de 13 anos em queda, com saliência para o número de jovens que não concluiu o 12º ano; desde 2002 que isso não acontecia). A jornalista do Público titulou a notícia do encontro de ministros com mais um momento de delírio revisionista: "Maria de Lurdes Rodrigues diz que a avaliação de professores terminou em Portugal". É difícil ler o texto sem abanar a cabeça ou sorrir e a culpa não será da jornalista.