Da História do Mérito e da Sua Latitude e Longitude
Olaf Scholz, o novo chanceler da Alemanha, é defensor das teses muito críticas da meritocracia de Daniel Markovits e Michael Sandel. Sabe que, e para além de outras consequências, a armadilha meritocrática criou, através das competições na escola e no trabalho, um fosso crescente entre as elites e as restantes classes. Esse aumento baseou-se em inéditos e volumosos, e com efeito de bola de neve, investimentos financeiros na educação que resultaram em brutais desigualdades educativas e numa polarização política que levou os excluídos a votarem em populistas, demagogos e autoritários.
Há um contraditório que afirma que Olaf Scholz quer recuperar o modelo da União Soviética onde, dizem, não existia meritocracia. Discordo. Os defensores das teses da armadilha meritocrática explicam-no através de um triângulo inquestionável: o elevador social faz-se mais pelo vértice do investimento financeiro do que pelos outros dois: talento e esforço. Esse vértice na União Soviética trocou o investimento financeiro pela ascensão no partido único. Portanto, não se trata de nivelar por baixo. Trata-se de reequilibrar e redistribuir melhor e de investir na educação pública.