Da encruzilhada a partir do Charlie Hebdo
Basta googlar por "Noruega mesquitas" para se encontrar informação sobre o assunto.
Desde a viragem do milénio que a integração (no sentido das polémicas em curso) de outros povos na Europa é muito discutida. No relatório de Jacques Delors, 1998, "A educação - um tesouro a descobrir", as questões do multiculturalismo e do relativismo cultural tiveram uma abordagem interessante e polémica.
Defendeu-se que o fenómeno do multiculturalismo contribuiu, na Europa, para acentuar as bolsas de "ghetização" com as consequências conhecidas. Invocou-se como negativa a preservação a todo o custo das matrizes culturais de origem por parte das comunidades imigrantes que se foram "ghetizando". Os resultados estão aí.
Em alternativa, o relatório propôs a ideia de interculturalidade, através da educação, para a "normalização" de costumes que assentassem num valor primeiro: a liberdade entendida como impossibilidade de invasão no espaço de liberdade do outro.
É neste patamar de discussão que se coloca a questão dos "véus escolares" ou dos templos religiosos.
Estamos numa encruzilhada?
Claro que estamos e perdemos muito tempo na Europa. Mas só há uma solução: tolerância, determinação na defesa dos nossos valores, muita persistência e uma corajosa atitude de não desistência. Quem chega deve respeitar os valores vigentes. A história não deve registar um qualquer caminho de luta pela liberdade que se tenha feito só com vitórias e sem vítimas brutais e injustiçadas. É assim a natureza humana e os tempos nunca mudam tão depressa: só o afastamento histórico nos permite perceber melhor as épocas que fomos vivendo.