Como é que tinha acabado, e há muito, a diabólica avaliação dos professores?
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Pelo blogue em 9 de Outubro de 2025.
Título: Como é que tinha acabado, e há muito, a diabólica avaliação dos professores?
Texto:
Antes do mais, não se compreende porque é que não se suspende o decreto regulamentar da avaliação de professores. Se o actual ministro da educação disse que tinha dificuldade em encontrar adjectivos para classificar o que existe, e voltou recentemente a advogar o fim das quotas, então suspenda-se de imediato e não se adoeça mais pessoas nem se estimule mais desistências.
Aliás, se em todos os escalões (com excepção do último, obviamente) tivessem existido vagas e, naturalmente, quotas, esta farsa trituradora de dignidades e promotora de assédio profissional já tinha implodido de vez.
Porquê? Porque houve milhares de professores que passaram ao lado deste flagelo. Quando começou efectivamente o pesadelo de todos contra todos, muitos professores estavam no 7º escalão ou mais acima (e não foram recolocados no 4º escalão como outros milhares), muitos beneficiaram do excelente e do muito bom e outros foram dispensados. E repare-se: se as listas das vagas, onde ficaram professores anos a fio numa espera kafkiana de acesso aos 5º e 7º escalões, e as quotas "libertadoras" tivessem sido aplicadas em todos os escalões, ter-se-ia concretizado o célebre aforismo de Ludwig Wittgenstein: "as relações humanas seriam muito diferentes se fosse transparente a relação entre dor e linguagem, se sentíssemos a dor do outro ao ouvi-lo enunciando a palavra dor".
Mas esta engrenagem tinha implodido ainda mais cedo se todos as pessoas com o estatuto profissional de professor (dirigentes escolares e partidários, sindicalistas, destacados no ministério ou no monstro da formação contínua e por aí fora) entrassem no mesmo universo de vagas e quotas dos professores que leccionam.
Nota em jeito de repetição: se as mentes diabólicas que inventaram este (vou citar entre aspas as palavras de um mentor arrependido) "fascismo por via administrativa", que tinha as piores referências teóricas e empíricas, tivessem sido minimamente coerentes, tinham aplicado as vagas, e as consequências das quotas, em todos os escalões e tinham-se incluído nesta trágédia ímpar na Europa.
