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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Começar Cedo

23.06.19, Paulo Prudêncio

 

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Quadros de mérito ou de valor aos 10 anos?!

Começar cedo, como se de um adulto em miniatura se tratasse, a competir desportivamente ou a ser alvo de honrarias e louvores no ambiente escolar, eram políticas "inócuas" nos anos 50 e 60 do século passado. Era uma espécie de "inocente" preparação para a "selva dos adultos", associada, de forma consciente ou não, a uma carga ideológica classista e exclusiva. Actualmente, são decisões inaceitáveis no domínio das políticas de prevenção da saúde pública. Como alguém disse, já são inúmeros os estudos e as recomendações da OMS: desde Michael Sandel, sobre a invasão dos valores do mercado em todas as esferas da vida, até ao psicólogo Roy Baumeister (conceito "depleção do ego"), com contributos para o reconhecimento recente do burnout pela OMS, e passando pelo fundamental "Nenhuma Medalha Vale a Saúde de uma Criança" de Jacques Personne ou pelo recente "Range" de David Epstein, (com um estudo comparado que tem, para além de outros dados, uma contraposição do percurso saudável, por especialização "tardia e generalista", do tenista Roger Federer ao dramático esgotamento emocional, por especialização precoce, do golfista Tiger Woods ou das irmãs Polgar - xadrezistas vítimas de uma "MãeTigre"; aliás, fenómeno que exigiu mudanças recentes e drásticas nas políticas de Singapura relacionadas com os resultados escolares -).

Não é defensável usar a "aceitação" das crianças e jovens na aplicação de quadros de mérito ou de valor antes dos 14 anos. Os estudos indicam que os quadros destinam-se (em regra, obviamente, porque há muitos que desconhecem a história) a satisfazer o ego dos progenitores ou a vaidade institucional dos decisores. Será, portanto, um gesto de saúde pública usar um alfinete no ego dos crescidos (como na imagem), antes que a depleção do ego dos futuros adultos comece em idades cada vez menos avançadas.

 

Nota: esta segunda publicação deve-se à partilha para o facebook. A primeira versão não assumia a imagem.