Carlos do Carmo (1939-2021)
Decorria o ano de 1972 ou 73, vivia na então Lourenço Marques (hoje, Maputo), e fui jantar à Pizzaria "La Bússola" que tinha uma lasagna única e música ambiente com sabor a liberdade. Foi aí que ouvi pela primeira vez "As canoas do Tejo" de Carlos do Carmo. Nunca mais me saiu do ouvido. E era uma época em que os jovens moçambicanos desprezavam, naturalmente, quase tudo o que vinha de Portugal e da metrópole, onde se incluía o fado. Zeca Afonso era a música portuguesa ouvida pelos jovens moçambicanos.
Mas mal eu sabia que por essa altura o meu querido e saudoso primo, António Marques Júnior, planeava o 25 de Abril. E foi a propósito da morte de Carlos do Carmo que li este texto:
"Abraço de Abril a Carlos do Carmo
Caros associados
Neste dealbar do ano de 2021, que esperamos nos traga a recuperação de uma vida normal, onde seja possível, em Liberdade, construir um Mundo melhor, fomos confrontados com a partida de um grande Homem de Abril, nosso companheiro na jornada iniciada há 46 anos, na procura da Paz, da Liberdade, da Justiça social.
Partiu o Carlos do Carmo, português e lisboeta de gema, humanista, grande divulgador e embaixador do Fado por todo o Mundo.
Activo militante dos valores de Abril, nunca descurando uma enorme actividade cívica, em prol de uma sociedade mais livre e mais justa, Carlos do Carmo respondeu sempre presente, quando solicitado pela Associação 25 de Abril.
No momento em que evocávamos a partida de um dos principais Capitães de Abril, o António Marques Júnior - que aqui lembramos, com a eterna saudade que dura já 8 anos - o Carlos do Carmo, também vítima de um aneurisma, foi juntar-se-lhe.
Estamos certos que, lá onde estiverem, continuarão a enviar-nos o alento necessário à continuação da luta pela consolidação dos valores porque se bateram!
Por nós, tudo faremos para atingir os objectivos das vidas comuns das Mulheres e dos Homens de Abril.
Os nossos sentidos pêsames aos familiares do Carlos, nomeadamente à Judite, sua companheira de toda a vida, e ao seu filho Gil.
Até sempre, caro Amigo Carlos do Carmo!
Um grande abraço de Abril
Vasco Lourenço"