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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

boreout (4) escola para todos?

05.04.16, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

A Direcção Regional de Educação de Lisboa convidou-me para falar sobre segurança escolar. Foi em Óbidos, na Casa da Música. Dei uma vista de olhos na papelada e não encontrei o certificado, mas tenho a certeza que foi na primavera de 2004. Quando me telefonaram, lembro-me de lhes ter perguntado: "Sobre segurança? Então?". "Porque a tua escola estava mergulhada em indisciplina e insegurança e hoje isso é mais do que residual". Respondi-lhes: "Ok. Obrigado. Mas o que vou dizer não é, provavelmente, aquilo que vocês querem ouvir" (pressentia o que se viria a passar a seguir no sistema escolar - começou a desenhar-se em 2002 - de perseguição aos professores, embora nunca imaginasse que fosse tão mau como foi).

 

Dei um vista de olhos pelos tópicos que utilizei e faço uma síntese com a ideia de apresentar alternativas à escola-industria e focado na boreout:

 

  • participação empenhada em diversos programas que envolveram a segurança na zona envolvente, nomeadamente com os projectos escola segura e Malhoa;
  • dados todos tratados em sistemas de informação construídos na escola;
  • construção e desenvolvimento de um núcleo de comunicação social que produz o website escolar, o jornal escolar e uma página na edição impressa do jornal local com mais audiência;
  • eliminação, mas eliminação mesmo, da má burocracia (vulgo papelada) e construção de horários escolares adaptados, mas adaptados mesmo, ao projecto educativo e aos transportes escolares dos alunos;
  • trabalho persistente e muito bem preparado ao nível da rede escolar, com a preocupação de reduzir o número de alunos por turma e de encontrar outras soluções de escolaridade para os alunos com um percurso a indiciar abandono escolar;
  • ausência de campainhas; 
  • intervalos durante as aulas de 90 minutos adequados à conveniência pedagógica e didáctica da responsabilidade de cada professor;
  • celebração diária dos aniversários de todos (o nosso quadro de mérito);
  • vasos com plantas todos os dias e não apenas nos dias das visitas institucionais;
  • papel higiénico, saboneteiras e secadores de mãos em todas as casas de banho;
  • regras simples, transparentes e exequíveis para os casos de indisciplina (começou com uma expulsão (embora a rede social não tivesse sido descurada), seguiram-se várias suspensões (em regime sumaríssimo e sempre em articulação com a associação de pais e com os encarregados de educação em causa) com leitura do texto da sanção em todas as salas de aula e em tempo útil, e nos últimos três anos nada disso aconteceu);
  • e, finalmente, o mais importante: a escola não é apenas inclusiva para os alunos (honra-nos muito que a DREL indique a escola para os alunos com necessidade educativas especiais) mas é-o também para os professores e para os funcionários (e isso significa confiança, mas confiança mesmo, e respeito pelas pessoas) como fazem as organizações bem sucedidas (mas só o modo como isso se faz dava para outra conferência). Temos todo o cuidado em proporcionar as melhores condições para a realização das aulas e nesta escola só resolve os problemas sozinho quem quer.

(1ª edição em 10 de Maio de 2010)

 

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