A febre da "meritocracia" infantiliza e destrói as organizações
A febre da "meritocracia" infantiliza e destrói as organizações; e não adianta repetir-se que os professores não querem ser avaliados. Perguntem aos tão citados finlandeses o que pensam do que se passa em Portugal e terão uma resposta: aberração.
E num tempo de "crescente chatGPT", os ambientes democráticos serão ainda mais cruciais e difíceis de concretizar. E é sempre bom repetir: a democracia dá muito trabalho e nunca ouvi um democrata com obra dizer o contrário. Estas políticas meritocráticas empurram os eleitores para os extremos e nem é bom imaginar a IA na mão de autocratas eleitos.
A avaliação está a destruir os serviços públicos. Nos professores agrava-se. Ao contrário do que diz o ministro da educação (JN), os professores têm quotas em todos os escalões e são os únicos com vagas (e em 2 escalões). Mas a questão de fundo é o que se avalia e como (e ainda se pontua de 1 a 10). Tolerou-se a farsa administrativa porque estava tudo congelado até 2017. Em 2018 começou a danação do tempo, a invenção de realidades e a revolta contida. A pandemia adiou a explosão. Será muito difícil perceber que pequenos tiranetes usam um poder arbitrário que dilacera eticamente, destrói as organizações e provoca a “fuga” dos profissionais em prejuízo do bem comum?