A Difícil Condição
Para além da erosão do centro político que se vai verificando pelo mundo ocidental - a que não é estranha a impressionante riqueza material de líderes carismáticos da esquerda (Obama e Ségolène Royal, por exemplo) -, Portugal enfrentará os seus problemas: semi-periferia, consequências da falência financeira e condição de protectorado (ainda recentemente, o parlamento alemão "autorizou" a finalização do empréstimo ao FMI). Aliás, as diferenças de tratamento europeu em relação aos países que ultrapassam os três por cento (para Stiglitz, os 3% são uma epifania própria da demagogia - uma categoria política mais nociva do que o populismo -) de défice orçamental é elucidativa.
O turismo tem sido uma espécie de petróleo e permite que Portugal se anime na "independência" em relação aos, naturalmente, implacáveis credores. Só que esse caminho exige cortes orçamentais, impostos elevados e manutenção do desinvestimento nos serviços públicos. Se a direita está esgotada com o tempo da troika, mais uma legislatura (ou até antes disso) com um Governo com o apoio actual poderá projectar a extrema-direita se nada, de socialmente significativo, acontecer.
Imagem: uma fraga na beira alta.