A Ciência e a Europa Estão de Parabéns!
A ciência e a Europa estão aprovadas na prova da covid-19. A ciência conseguiu, em menos de um ano, credibilizar a possibilidade da vacina com a preciosa ajuda dos voluntários para testes e a Europa transmitiu uma ideia de unidade que é uma esperança para o futuro.
Mas nem tudo tem corrido bem na Europa, a começar pelo veloz marketing político. Por exemplo, ouvi, anteontem, um especialista de um dos países do sul do continente dizer que o balanço é positivo e usar o esforço notável dos SNS como atributo. Francamente: não se deve omitir que a desatenção ocidental com a possibilidade de uma pandemia não ajudou a evitar - e apesar da abnegação dos profissionais de saúde -, mortes, falências e desemprego; para além disso, a pandemia estará longe do fim e é impossível esconder a ideia inicial de imunidade de grupo confessada, com desculpas aos idosos, no Reino Unido e noutras paragens. Deve ser influência do ubíquo futebol. Não interessa o processo. Um triunfo final tudo perdoa e a alienação e o marketing apagarão qualquer inconveniente.
Mas nesta crise a Europa é um todo que atenua os tradicionais complexos de superioridade e de inferioridade; até no que a torna menos confiável e se espelha na "capital" Bruxelas. E não estou apenas a pensar no deputado conservador húngaro que destapou a hipocrisia na severa inscrição nos costumes dos outros, ao ser apanhado de madrugada a fugir nu de uma das habituais festas que ignoram a pandemia. Demitiu-se, que era o que restava. Recordo-me do delegado regional europeu da OMS, um belga nomeado em Fevereiro de 2020, que declarou a 19 de Novembro de 2020 que a população escolar era praticamente imune ao vírus e no dia 20 de Novembro de 2020 (no dia seguinte, portanto) soube-se que a "pandemia estava galopante na população com idade escolar". Os belgas têm estado, realmente, um bocado perdidos. Os seus especialistas limitam a quatro pessoas a presença nos festejos de natal, mas detalham: a ida à casa de banho nas habitações particulares tem que ser individual. Nonsense por nonsense, e para não ficarmos a perder no jogo do "não estamos sós", as forças armadas portuguesas decidiriam, por razões de máxima segurança, o armazenamento das vacinas no paiol de Tancos numa fase em que o plano europeu de vacinação já inspira os humoristas.