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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

evidências

09.03.11, Paulo Prudêncio

 

 

12.º ano. As melhores notas dependem mais dos pais

"Inquérito a 58% dos estudantes mostra que quanto mais habilitações têm as famílias melhor é o desempenho(...)".

 

Esta notícia do I é mais uma demonstração do desperdício que tem sido a saga portuguesa de combater o insucesso e o abandono escolares através da perseguição aos professores perpetrada pela inesquecível cooperação estratégica. Temos de melhorar as formações inicial e contínua e de criar um sistema de olhos nos olhos que, e a exemplo de todas as outras profissões, reclassifique os que não são vocacionados. O resto é despesismo de energias e outras coisas mais nocivas ainda.

 

Há tempos escrevi assim:

 

A história dos sistemas escolares evidencia: sociedades com mais ambição escolar e com meios económicos que a sustentem atingem taxas mais elevadas de sucesso escolar. É irrefutável. Podíamos até atribuir a essa condição uma percentagem próxima dos 90%. Ou seja: se conseguíssemos sujeitar 100 crianças a uma escolaridade em duas sociedades de sinal contrário, os resultados seriam reveladores. Deixemos esta responsabilidade nos 60% para que sobre espaço para os outros níveis.

 

Se testássemos 100 alunos em escolas com organizações de níveis opostos mas na mesma sociedade, esperar-se-iam resultados diferentes. Todavia, essa diferença não seria tão acentuada como no primeiro caso. As condições de realização do ensino (clima escolar, disciplina, número de alunos por turma e na escola, autonomia da escola, desenho curricular, meios de ensino) devem influenciar em 30% e são mais significativas do que o conjunto dos professores.

 

Se 100 alunos cumprissem duas escolaridades com 100 professores diferentes, os resultados deveriam oscilar muito pouco. É neste sentido, abrangente, histórico e generalista que se deve considerar os 10% atribuídos aos professores.

 

É também por isso que pode ser um logro absoluto que uma sociedade com baixos níveis de escolaridade consuma as suas energias à volta do desempenho dos 10% ou sequer se convença que basta mudar o conteúdo físico dos 30% para que tudo se resolva. A componente sociedade é decisiva e se fecharmos bem os olhos podemos até considerar que 60% é um número por defeito. Mas mais: por paradoxal que pareça, sem os 10% nada acontece e não há ensino.

 

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