detalhe
Nem sei se a economia de escala aplicada à gestão escolar é muito estudada. Pelo argumentário do ME e dos seus satélites, vejo que queremos reduzir custos quando somamos duas unidades de gestão perdendo uma das cabeças ou tentamos eliminar serviços administrativos redundantes. Uma década depois, estamos no mesmo sítio ou com mais despesa nessas parcelas.
Escreveu-se muito a propósito dos novos descobrimentos portugueses: os mega-agrupamentos e a parque escolar.sa. Quinhentos anos depois da epopeia, os mundos que agora desbravamos já foram abandonados pelos que há dois séculos eliminaram o flagelo do abandono escolar. Mais do que copiar ou comparar organizações administrativas, importa debater o essencial: e o cerne está na coerência do detalhe (e só isto dava para milhares de caracteres).
Afirmar uma cultura organizacional e exercer uma liderança forte (forte é o chavão preferido pelos doentinhos do headmaster, mas, e como não sou psicanalista, devemos traduzir por democraticamente competente, legitimado pela convicção de que é capaz e pela aceitação esclarecida e mobilizada dos liderados) só está ao alcance da coerência sistemática dos detalhes, através da preciosa atenção às relações humanas e à estruturação do sistema de informação. E isto só acontece na escala humana, que tem de ser racional, como há muito perceberam os mais desenvolvidos.
Andamos ao arrepio da História e perdemos a ideia de possibilidade e de utopia. Também por isso republiquei esta entrevista, onde remeti para a escola uma indelével função democrática: "A cultura da escola é a cultura permanente da exigência, da finalidade e da regra, mas também do afecto, da amizade e do drama." E isso não se faz sem proximidade.