Fala-se muito na falta de autonomia das escolas portuguesas. Tenho a ideia que cada escola é aquilo que os seus actores quiserem que seja, apesar da megalomania centralista do estado português: esta forma de poder, o central, na maioria das vezes só atrapalha; e mais grave se torna quando a "loucura" se alastra ao poder local, que, no caso que vou referir a seguir, o do concelho das Caldas da Rainha, é uma mistura perigosa da ideia de contra-poder, tão em voga nas décadas de setenta e oitenta do século passado (os autarcas, naturalmente e em conjunto, "resistiam" aos desmandos do estado e desconfiavam das instituições que, mesmo servindo os seus munícipes, dependiam directamente do Terreiro do Paço) associada às decisões avulsas, "iluminadas", e de oportunidade - do tipo, diz-se, e faz-se, o que vem à cabeça e o que seja mais conveniente para a ocasião -.
Em 1998 decretou-se um novo modelo de direcção das escolas: o de autonomia e gestão. A Escola Básica Integrada de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha, criou a disciplina de Artes Performativas. As docentes Cristina Lourenço e Dulce Nunes pegaram no projecto. O docente Paulo Sousa produziu o vídeo. Tem menos de um singelo minuto. Agora imagine, meu caro leitor, o privilégio dos alunos por beneficiarem durante dez anos com unidades de tempo assim. Ora clique e veja, e ouça, "a cadeira é a minha casa".