a indignação que preenche uma revolta ainda silenciosa
Estava a conversar com duas colegas contratadas e registei a revolta contida que lhes ia na alma. Tomaram consciência que este pode ser o seu último ano de trabalho como professoras. Uma, mais jovem, pensa em emigrar com as lágrimas a encobrirem o olhar. A outra, com filhos pequenos, está a proibir-se de pensar no futuro e racionaliza um discurso ainda mais indignado.
O que começa a sufocar a compreensão é a intocável máquina dos partidos políticos. Da Assembleia da República às autarquias, passando pelas benesses ilimitadas na traquitana do estado e nas suas empresas, nada parece comover uma classe instalada que tenta sobreviver à hecatombe como se nada fosse com ela. É um clima inédito na história dos últimos quarenta anos e não augura nada de bom.