para além da superfície
Assuma o estado de sítio o desenho mais variado, é seguro que começa quase sempre pelo emboprecimento que atinge os mais frágeis. Se há fome nas crianças é porque estamos a um passo da hecatombe social.
Por mais alertas que se fizessem, a sociedade portuguesa teimou em armazenar na escola as suas crianças e ausentou-se da sua Educação. Não há nada melhor que uma escola possa oferecer a uma família ausente do que um tutor. Para a sociedade sem escola é uma espécie de atestado de desta já me livrei. E sabe-se como essa decisão apenas espelha um estado de desespero e um caminho para o abandono escolar; são raras as excepções. Chegámos ao limiar do absurdo: as crianças estão a ficar sem almofada alimentar.
O caderno de encargos da escola tornou-se insuportável, como não me canso de escrever. Se até aqui o problema era civilizacional e do ensino, agora passa-se para o domínio da sobrevivência. Cada vez são mais as crianças que só conseguem comer num dos sítios da sociedade. Onde? Na escola, obviamente.