tuba
Estava a ler o suplemento ípslon do jornal público, quando dou com uma entrevista ao melhor tocador de tuba que conheço: o Sérgio Carolino.
"Com ele, a tuba deixou de ter impossíveis. Já não é apenas o instrumento mais difícil de transportar da banda filarmónica. Agora a tuba pode apanhar os ritmos do novo jazz. Ou ser requisitada para a mais arriscada música contemporânea. Um dos maiores tocadores de tuba do mundo é português."
Pois é. O Sérgio Carolino é o responsável pelo recital mais surpreendente que ouvi na minha vida: inesquecível e de todo inesperado.
Decorria o ano de 2002, salvo erro, estávamos em período de transição entre anos lectivos. A minha escola estava muito quieta, sem alunos, e as tarefas de gestão eram, como sempre, de grande exigência. Para harmonizar a atmosfera, realizava-se um curso de verão organizado pelo conservatório local: uma semana preenchida pelo fascinante ruído dos instrumentos musicais com a habitual realização de recitais nocturnos promovidos pelos docentes do curso.
A fadiga era tanta, que raramente acedíamos ao generoso e circunstancial convite. Um dia não resistimos ao apelo. O memorável recital realizou-se num salão de uma colectividade local. Três tubas: uma delas comandada pelo Sérgio Carolino. Durou mais de uma hora e ainda hoje recordo o meu espanto: como é possível fazer isto com uma tuba?
Encontrei um "encore" com dois minutos e quarenta e sete segundos. Não resista, sei que de início custa um bocado - este músico não está bem -, mas depois... bem, depois... Agora imagine: uma hora, três tubas e uma empatia crescente com a surpreendida audiência.