agenda vazia
Tens andado irritado com os sindicatos, dizia-me há tempos um amigo meu. Nos acordos assinados com o governo - em 2008 e em 2009 - os assuntos fundamentais ficaram de fora. Escrevi-o vezes sem conta. Foram oportunidades desgraçadamente perdidas. O governo era a parte vencida.
Houve uma comunhão com o governo nos factores fundamentais para esse estado de inacção: a infantilização da educação, o excesso de garantismo dos alunos, a utilização de procedimentos carregados com excesso de burocracia, a falta de convicção no poder democrático da escola e a ausência de ideias claras e modernas sobre cultura organizacional de escolas. Em suma, na mesa de negociação confrontavam-se elementos das mesmas escolas.
Mesmo sem bola de cristal percebia-se que mais cedo ou mais tarde os salários, e as progressões, seriam congelados. Parece que vão ser reduzidos. Tinha sido obrigatório acabar com um modelo de avaliação que quer medir o imensurável, eliminar um conjunto de procedimentos burocráticos que asfixiam o ensino, devolver a democracia às escolas, alterar os horários dos professores e por aí adiante.
E agora? O que resta? Ameaça de rompimento (outra vez) de um acordo e participação numa greve geral de mãos atadas atrás das costas. Sabe-se que tem de se fazer greve, mas também se conhecem quais vão ser os resultados.