vitória do amor
O amor nem sempre vence o poder, mas é o único caminho para a sabedoria. É mais ou menos assim que Abbas Kiarostami termina mais uma obra-prima. O cineasta iraniano filma quase sem efeitos especiais, escolhe muito bem os argumentos e agarra o espectador do princípio ao fim. São fitas que se vêem num fôlego, mas que ficam dias a preencher o cérebro.
A fábula da princesa Shirin foi o mote para Kiarostami falar de mulheres - homenageá-las - e também de homens. O registo respeita a genialidade do realizador: radical com uma atmosfera terna e doce. O espectador apenas ouve a banda sonora do filme - a história é contada assim -, fica com as expressões de 114 mulheres que vão passando (umas poucas repetem-se) uma a uma e na maioria das vezes com companhias nada inocentes: um homem, uma mulher, um homem e uma mulher. É incrível como com estes ingredientes se consegue transportar o espectador para viagens sem fim.
Juliete Binoche é uma das 114.
João César Monteiro tentou um registo semelhante com "branca de neve".
Imperdível.