mega-detalhes
Não adianta atirar mais areia para os olhos das pessoas: os mega-agrupamentos (e já o foram os primeiros amontoados) são uma forma desnorteada, e de mau centralismo, de fazer cortes na despesa.
Mas detalhemos. Por agora, foquemos a nossa atenção na despesa com os membros dos órgãos de direcção das escolas e com os professores que não leccionam.
Há, desde logo, uma questão prévia: existe um excesso de professores nos serviços centrais do ME, nas DRE´s, nas equipas de apoio a escolas e a projectos e nas bibliotecas escolares, que se regressassem às salas de aula reduziriam significativamente a despesa; mas já se sabe: todos assobiam para o lado, fazem conluio uns com os outros e vão desgovernando o nosso sistema escolar.
Os primeiros agrupamentos surgiram com a ideia de eliminar os órgãos executivos nas escolas de primeiro ciclo. Poupou-se no regresso à sala de aula de muitos docentes e no prémio que lhes era pago pelo exercício de funções de gestão: em 2005 esse processo foi acelerado e a eito. Foi um erro crasso. Primeiro, dever-se-ia ter discutido o processo de desconcentração do ME e a ideia de municipalização. A criação de agências municipais suportaria a gestão administrativa, sem ser necessário amontoar escolas, nas seguinte áreas: recolha e tratamento de dados, dotações financeiras do orçamento de estado para as despesas correntes e de capital, de compensação em receita e dos programas comunitários.
Mas com a teimosia de se impor um novo modelo de gestão, aumentou-se significativamente o prémio financeiro dos órgãos de direcção das escolas. Isso aconteceu em 2009 e em plena crise financeira. Ou seja, para o mesmo número de elementos que existia antes dessa data, a despesa quase que duplicou. Não é sensato voltar a mudar tudo de novo, com o argumento da redução da despesa por via da diminuição do número de professores em exercício nos órgãos de direcção; como é evidente, há outras soluções que não exigem a continuada descaracterização das escolas públicas. Desde logo, que se avance com a ideia de devolver a "cenoura" ao lugar donde nunca deveria ter saído.