caminhando
Dizia-me um indefectível do actual PS: "Cavaco Silva tem mais de cinquenta por cento das intenções de voto e o Manuel Alegre nem aos vinte chega; o actual PR será reeleito". Não percebi em quem irá votar, mas pareceu-me que os incondicionais do chefe do governo ficaram saudosos da extinta cooperação estratégica.
Manuel Alegre é, como se comprovou, muito forte em campanha eleitoral. Tem alma e só se prende à nação (que outro político pode falar daquela maneira da pátria?) e à poesia; e tem muita prosa. O seu desempenho nas eleições internas do PS foi surpreendente e corajoso - talvez agora se perceba melhor o que o levou a meter-se "naquilo" -. Ia derrotado à partida e teve uma saída muito digna. Nas últimas presidenciais foi o que se sabe: sempre a subir e só por um triz não obteve uma segunda volta; e nesse caso nem sabemos como seria.
É precisamente esse o cenário que pode acontecer. Parece-me que a tendência de voto no actual presidente atingiu o ponto mais alto: perto dos 59 por cento. Pode ser curta, com a campanha pode descer e obrigar a uma segunda volta. E aí, Manuel Alegre pode aspirar a ser o próximo presidente da República.