complexos públicos
O exercício de funções nos serviços públicos não é muito prestigiado nos países da europa do sul. Dá ideia que a o pensamento vigente é de que a maioria dos lugares está reservado a uns acomodados na vida e que depois sobram umas franjas, para as nomeações políticas, que se auto-remuneram em valores proibitivos.
Como quase nada se faz apenas individualmente, os humanos criaram organizações com os fins mais diversos: culturais, políticos, humanitários até às denominadas de cariz empresarial. Em todas elas, houve a necessidade de se proceder à sua gestão. Digamos que gerir foi a solução encontrada para a sobrevivência das organizações e para a optimização das suas funções.
Desde logo se percebeu, principalmente a partir do homem económico de Taylor, que a predominância da gestão empresarial faria o seu inexorável caminho asfixiando o prestígio social dos saberes de gestão postos ao serviço das organizações não empresariais.
No que toca ao nosso país e ao ministério da Educação, foi até caricato observar-se o conjunto de "sábias" recomendações de gestão que tiveram o máximo expoente num grupo de gestores empresariais onde pontificava um senhor de nome Rendeiro que dirigia essa meca do subpraime de nome BPP. E isso foi muito grave e fez escola. Quem estudar a gestão das organizações na lógica empresarial e, por exemplo, perceber o que se pretendia no âmbito da gestão por objectivos, não pode deixar de se espantar com a forma complexada como os recursos humanos da nossa administração pública quiseram impor às escolas portuguesas soluções já não só descontinuadas no mundo empresarial como completamente inexequíveis em organizações escolares, como se veio a comprovar.
Nesta e noutras matérias, o benchmarking verdadeiro e descomplexado ajudaria a que todos aprendessem mas nos dois sentidos. Se calhar até me atrevo a escrever que, e de acordo com as correntes mais actuais, a gestão escolar ajudaria as outras áreas organizacionais se não fossem os nossos conhecidos complexos públicos.